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A Fé Viva

Srila Bhakti Rakshak Sridhar
Dev-Goswami Maharaj

___________________________

Devoto: Qual seria a melhor maneira de eu avançar espiritualmente, quando voltar para a Inglaterra?


Srila Guru Maharaj
: Ter uma conexão apropriada com o sadhu —associação. Associação pode nos ajudar mais. Isso é afirmado repetidamente nas Escrituras. Existe a associação ao vivo bem como a associação shastrica ou escritural. É preferível a "Escritura viva", o que significa o sadhu, o devoto. E ele deve, é claro, ser genuíno e não uma imitação. Uma vela de pouco poder pode prosperar próxima a uma chama de grande poder, mas poderá fácil e rapidamente se apagar na proximidade de um elemento oponente. Não pode se manter desse modo. Mas, se a atmosfera estiver sobrecarregada com o calor de tantas chamas, pode permanecer e se desenvolver. Podemos vicejar em circunstâncias ou em solos favoráveis. Se tivermos que lutar contra o meio ambiente, então perdemos nossa energia e teremos de morrer. Qual é a sua idade?

Devoto
: Vinte e dois anos.

Srila Guru Maharaj: Seus parentes ainda vivem?

Devoto: Sim.

Srila Guru Maharaj: Eles são devotos?

Devoto: Não, eles se opõem.

Srila Guru Maharaj: Eles são Cristãos?

Devoto: Sim.

Srila Guru Maharaj: Protestantes ou Católicos?

Devoto: Católicos.

Srila Guru Maharaj: O que significa ser Católico ou Protestante? Qual é a diferença? Idealmente, pelo menos, "católico" significa "com uma fé muito generosa"; e os Protestantes querem calcular e medir com a razão antes de aceitar. A razão é o fator predominante com os Protestantes. Eles começaram com Lutero na Alemanha. Então, novamente, entre os Protestantes apareceu a subdivisão dos Puritanos. Milton era um Puritano. Os ultra-moralistas ficaram conhecidos como "Puritanos". Então, surgiu outro ramo dos Puritanos que ficou conhecido como Independentes. Esses Puritanos e Independentes podem não continuar hoje em sua forma original, mas os Protestantes e os Católicos ainda continuam presentes lado a lado. A Monarquia Britânica é Protestante.

"Católico", no sentido apropriado, é uma boa expressão. Quanto de fé no infinito podemos clamar que temos? Existe a história de um sapo. Uma das crianças filhas de um sapo viu um elefante. A mãe não estava presente nesse momento. Quando a mãe chegou, a criança disse:

"Eu vi um animal muito grande."

"Quão grande?"

E o sapinho começou a inflar:

"Assim de grande? Assim de grande? Assim de grande?"

Dessa maneira, ele foi inflando e ficando cada vez maior.

"Não —maior, maior, maior do que isso!"

Então o sapo explodiu —acabou.

Assim, quão católicos podemos ser? Que capacidade temos? Somos como sapos. O elefante também é algo escasso. "Católico" significa "generoso". Quão generosos podemos ser para contermos o Todo dentro de nós? Impossível.

Somente a fé pode nos dar alguma conexão. Nossa razão e todas nossas outras "armas" falharão. Somente a fé pode, de algum modo nos conectar, nos conceder algum toque. O quão espaçosa é a fé que podemos acomodar dentro de nosso pequenino ser? No infinito, teremos de acomodar possibilidades infinitas. Krishna diz: "Em sua concepção do infinito, milhares de formas infinitas formam apenas uma parte insignificante de Mim":

athava bahunaitena
kim jñatena tavarjuna
vistabhyaham idam kritsnam
ekamsena sthito jagat
(Bhagavad-gita. 10.42)

Você não pode imaginar uma conexão com Ele —isso só é possível por Sua graça. Então, a pergunta é: como obter a Sua Graça? Pela rendição total e a tentativa de satisfazê-lO, de obter a Sua simpatia por convidá-lO completamente, aceitando Sua maneiras, em qualquer modo insignificante que possamos fazer.

Devemos nos aproximar dEle através de Seus devotos genuínos. Eles são a nossa riqueza e o refúgio último. Seus devotos, Seus agentes, são nosso abrigo. Deveríamos apenas tentar ao máximo nos conectar com Seus agentes genuínos. Alcançar o infinito é tornar o impossível possível. Sendo finitos, aspiramos por uma conexão com o infinito? Aparentemente, isso é impossível. Contudo, é possível, e possível somente através de nossa atitude mais humilde; de admitirmos diretamente que não somos nada, de que somos tão baixos. Somos tão baixos, tão pequenos, tão desprezíveis, tão pobres. Quando viermos a realizar a nossa posição apropriada, a lei da relatividade nos levará até Ele. Ele virá devido à misericórdia.

Devemos fazer o máximo dentro de nossas possibilidades para sabermos que somos pecadores: "Se Você adotar o caminho da justiça, eu não terei esperanças. Eu sou um pecador infinito. Somente se a porta da misericórdia estiver aberta —somente se a linha da misericórdia me for atirada, poderei ter alguma esperança. Eu sou tão vil, tão baixo —e Você é tão elevado, tão nobre. Somente pelo portal da Sua misericórdia, por Seu afeto, é que eu posso me aproximar de Você e obter o Seu abrigo."

Sharanagati —isso é condenar-se a si mesmo ao extremo, sinceramente é claro, e sentir a grandiosidade da parte do Mestre. "Você me aceitará por Sua graça? Eu não estou capacitado para realizar qualquer serviço a Você, meu Senhor." Somente esse tipo de atitude pode nos levar até Ele. Devemos apelar para o lado misericordioso. Afeto, devoção. Sua Graça, Sua bondade —esse aspecto sutil deve ser tentado pelas almas, e então elas terão alguma esperança e prospecto.


Misericórdia acima da justiça


Srila Bhaktivinod Thakur diz:

vicharite aobi, guna nahi paobi
kripa kara chodata vichara

"Se Você vier julgar, Você não encontrará nada a meu favor, assim, por favor, deixe de lado o caminho do julgamento. No caminho do julgamento eu não tenho esperança. Se Você vier com misericórdia, então eu posso ter esperança de entrar em Seu Domínio."

Essa é a Devoção apropriada, sharanagati. E na consciência de Krishna, esse é o plano da misericórdia, amor e afeto. Misericórdia não é tão intensa em Vaikuntha; lá existe uma mistura de justiça, avaliação ou vidhi. Mas Vrindavana é a terra da misericórdia, do amor e do afeto. E mais, não há falta de nada por lá —é infinito; a misericórdia por lá também é infinita. É desse modo que lá pode ser acomodada uma quantidade infinita de criminosos sem a mais leve dificuldade. Não há possibilidade de poluição da atmosfera, se tantas almas sórdidas como nós forem aceitas. É infinito.

A Consciência de Krishna é tão generosa. Pode estender-se até o mais baixo, mas a negociação com Ele precisa ser sincera. Ainda assim, não há medo da torpeza da negociação. Não existe pecador que não possa ser purificado por Krishna. O maior pecador pode ser purificado em um segundo ou menos. Existe tanto poder dinâmico. Mas devemos entrar por essas portas da misericórdia e do afeto e não pela da justiça. Vicharite aobi, guna nahi paobi, kripa kara chodata vichara.

Escravidão Divina

"Meu Senhor, leve-me pela porta da misericórdia." Essa é a nossa natureza verdadeira, e deveríamos viver em tal atmosfera. Se tivermos que ir viver em Vrindavana, não pode permanecer qualquer vaidade. Lá, todos têm esse tempera-mento. Somos todos dependentes, parasitas. Podemos ser mandados embora e rejeitados a qualquer momento. Como escravos, o Mestre tem todos os direitos sobre nós (krishnera nitya-dasa). Temos de ingressar com a mentalidade de um escravo: "Eu sou propriedade dEle, e Ele pode fazer tudo e qualquer coisa comigo; Ele tem cem-por-cento de senhorio sobre mim". Tal concepção é a nossa riqueza. Estamos sempre sedentos por misericórdia. Naquele plano, todos estão plenamente cientes do fato de que estão vivendo dependentes da misericórdia do Mestre, do Senhor.

Ainda assim, algumas vezes, vemos que um grupo se afirma sobre outro, mas isso é arranjo de Yogamaya para cumprir com o lila de Krishna. Um escravo pode ser apontado como mestre de muitos.

Numa peça teatral, um escravo pode atuar o papel de um senhor feudal, contudo, ele ainda é um escravo de fato. Um escravo pode atuar diferentes papeis numa peça. Tais coisas são organizadas por Yogamaya para satisfazer a Krishna. Lá, um escravo também pode ter um direito tão exclusivo, conforme o seu grau de sacrifício, de auto-abnegação e de intensidade de anseio pela misericórdia. Pode haver uma gradação conforme o progresso no lado negativo. Ouvimos que alguém que detém a posição mais elevada pensa a si mesmo como sendo o mais baixo de todos. Essa é a medida da negatividade. Ele ou ela que estão rendendo o maior serviço, pensam: "Estou muito insatisfeito, pois não posso fazer qualquer serviço a Krishna. Eu sou o pior de todos os servos. Não posso servir apropriadamente."

De fato, essa é a qualificação para render serviço ao Senhor. Essa insatisfação é o capital do serviço. "Eu não posso satisfazer a meu Senhor; não consigo trabalhar como me foi ordenado." Tal devoto está desse modo sempre alerta no grau mais intenso. Ele sempre desconfia de si mesmo. Esse é o ego do tipo negativo —nunca se afirmando, mas sempre se autonegando. A combinação de tais servidores fica muito, muito doce. A atmosfera é muito doce —sem agressores, todos contribuintes. A fome é criada artificialmente ao se armazenar ocultamente as riquezas para uso futuro, o que força o governo a proibir esse tipo de armazenamento e obrigar a que todas as mercadorias venham a ser oferecidas de modo justo no mercado aberto. Com um mercado justo e aberto, a opulência floresce e com o armazenamento oculto das riquezas sente-se a escassez. Do mesmo modo, quando todos estão ansiosamente contribuindo com serviço sem qualquer acúmulo oculto, o mercado fica repleto. Qualquer passante encontrará abundância, pois existe uma contribuição entusiástica para Krishna e os Seus. Existe abundância para todas as necessidades.

Ao dar, prosperamos, e ao tomar para nós, perdemos

Prema significa esse amor. Essa é a natureza do amor —morrer para viver. Pode existir o "matar para viver" e o "morrer para viver". Na terra da exploração, tudo é "matar para viver", mas aqui é o oposto: "morra e viva"; "dê e viva" e não, "pegue para si e viva". E essa é a ordem daquela terra onde todos vivem felizes. Pode parecer que estão morrendo, mas realmente estamos prosperando lá. Ao dar, prosperamos, e ao tomar para nós, perdemos. Exploração e devoção, ou dedicação, são números opostos. E o mais importante é a conexão com o Centro. Isso não pode ser um objetivo nacionalista, nem de qualquer outro grupo separatista.

A pessoa deve ter uma conexão apropriada com o Centro, caso contrário haverá egoísmo e parcialidade. Na unidade nacional, unidade religiosa etc., sempre terá de existir uma dificuldade. A classificação religiosa que seja provincial ou local (sampradaya) não funcionará. O Centro absoluto está representando amor, afeto, beleza, harmonia e devemos nos conectar com isso para viver, para dar. O dar mundano não é dar de modo algum. Dar a um gunda (bandido) ou dar a uma prostituta é apenas exploração ou um investimento para uma maior exploração no futuro. Não é isso. Mas dar, no verdadeiro sentido —dar é "morrer". Isso é "morrer para viver", isso é dedicação. E morrer pelo quê? Morrer pelo Centro, pelo bem central. Mergulhe nisso. Mergulhe totalmente em Seu interesse. Então, você será feliz. Considere-se como um escravo do Senhor Absoluto. Você será feliz.

Escravidão é a coisa mais desprezível neste mundo. Até mesmo pronunciar a palavra "escravo" é considerado como algo impensável ao que fazemos objeção. Tem a conotação mais odiosa e desonrosa. Mas em conexão com o Bem Absoluto é a real posição honorável. Ser considerado um escravo do bem mais elevado é a posição mais honorável: "Não desejo me afirmar; afirmar a mim mesmo seria uma perda de meu próprio interesse. Quanto mais eu afirmo a mim mesmo, mais serei um perdedor. Ao pôr o meu destino em minhas próprias mãos limitadas, me será negada a decisão perfeita e a interferência dEle."

Dependa dEle — aprenda a acreditar nEle

Assim, dependa dEle o mais que puder. Aprenda a acreditar nEle, o Bem Absoluto. Você tem medo de acreditar em seu vizinho. Você obteve tal posição devido às suas ações anteriores. É somente devido a seu karma anterior que seu intelecto está sempre muito alerta de que seu vizinho o roube. A dúvida e a suspeita fazem com que você pense, "Estou sendo explorado pelo meio ambiente, estou sendo roubado." Estar sempre alerta com tal suspeita é a vida mais miserável e intolerável. Então, temos que nos tornar bons o bastante para termos uma cabana naquele solo onde ninguém engana o vizinho, onde a pessoa sempre abre o seu coração a seu vizinho naquele Reino de Krishna.

Não devemos confiar no futuro. Não sabemos aonde seremos arremessados a qualquer momento, devido ao fluxo das diferentes correntes do meio ambiente. Assim, aja no presente vivo, acredite somente no presente. Tente tirar o máximo do presente. O futuro não está em suas mãos. Depende das resultantes de tantas atividades, forças e correntes do mundo exterior. Para onde e de que modo nos levará é desconhecido; desse modo, devemos tentar utilizar a oportunidade do presente. Não se preocupe com reter os incidentes anteriores de sua vida.

O coração dentro e Deus sobre a cabeça

Aja no presente vivo, com o coração dentro —com sinceridade— e com Deus sobre a cabeça; a realidade última deve ser o bem absoluto. Aceite uma vida desse tipo. Na hi kalyana-krit kaschid durgatim tata gachchati: se você for sincero, bem intencionado, ninguém poderá derrotar você. Sua vitória está garantida.

Devemos tomar o Nome Divino com o espírito. Podemos nos aproximar desse solo com a ajuda do Som Divino. O solo absoluto é positivo; contém a Divindade. Esse som nos guiará gradualmente. Mas devemos seguir a direção sinceramente. O Nome aparece na forma mais concisa, mas, na medida em que progredimos, veremos a amplitude desse som, aquilo que ele contém em sua substância —Figura, Cor, Aparência. O som produzirá o Aparecimento como alimento para os olhos; então aparecerão os Atributos como alimento para a mente; então, Parikara, o Séquito, para nosso movimento. Mostrará um solo onde se pode viver e mover-se, e então, o Lila ou os Passatempos, que são o produto e o objeto desse movimento. Assim como numa grande organização descobrimos que o dinheiro é o produto —tantos trabalhadores estão movimentando tantas partes da máquina na fábrica somente para alcançar o resultado— dinheiro, do mesmo modo, deveremos descobrir que o Lila significa o movimento rumo a uma satisfação intrínseca. Não é apenas que esse movimento é a causa da satisfação, mas automaticamente cada movimento significa uma onda do Amor, a onda do Júbilo, a onda do Êxtase. Todo o movimento é de júbilo, êxtase, felicidade. Lila significa isso. No Sri Brahma-samhita está dito que, natyam gamanam. O movimento comum diz respeito a algo geral, mas, na dança, o movimento contém júbilo. Na onda sonora existe doçura plena, interna e externa e, katha ganam: o falar se converte em cantar. Doce, doce, doce, doce! Encanto, beleza, doçura, amor e afeto —todos eles vêm para nos dar alguma concepção daquele solo mais elevado para onde a consciência de Krishna promete nos levar.