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Fazer ou Morrer

Srila Bhakti Rakshak Sridhar
Dev-Goswami Maharaj

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Então, não devemos temer as circunstâncias adversas. No Bhagavad-gita, Krishna diz: "Feliz do kshatriya que ambiciona por uma batalha como a que você enfrenta" (sukhinah kshatriya partha labhante yuddham idrishan). Dessa maneira, um mau trabalhador brigará com suas ferramentas. Nosso karma veio nos enfrentar, rodear-nos, e não podemos evitá-lo. Estas perturbações são o resultado do nosso próprio karma, saíram de nosso interior. Portanto, não devemos brigar. Devemos agir apropriadamente, quando lidamos com isto.

Devemos esquadrinhar mais detidamente aquilo que acreditamos compreender. Cada qual deve se perguntar: "Onde estou? Qual é a minha verdadeira necessidade? E quão profundamente anseio por aquilo que é verdadeiro?" Tudo isto será exteriorizado e virá à luz pública. Este é o verdadeiro campo de sadhana, ou prática. Nossa prática e nosso progresso necessitam de todas essas dificuldades. Do contrário, poderíamos seguir ignorando o que é progresso, nos converteríamos em hipócritas e transmitiríamos a outros as mesmas coisas adulteradas. Portanto, é preciso que todas essas perturbações cheguem para nos purificar.

E em Deus não há erro. Ele comanda o meio ambiente. Não é nossa responsabilidade. A responsabilidade do meio ambiente não recai sobre nós. Nossa única responsabilidade é conosco mesmo. O meio ambiente está nas mãos do Senhor. Ele não me fez nada de mau. Se sou sincero, terei que adaptar-me a esse meio ambiente e depositar minha fé nEle. Devido à nossa posição, nosso patriotismo será posto à prova, em qualquer circunstância, durante a batalha. Seremos provados para ver se somos verdadeiros soldados ou não.

Qualquer coisa pode acontecer, contudo teremos que encará-la. Sob nenhuma circunstância devo esquecer meu Senhor, meu Guru, meu Gouranga e meus Radha-Govinda. Em meio a qualquer circunstância desfavorável deverei permanecer com a cabeça erguida e dizer: "Sim, sou um servo deste grupo, desta sampradaya! Pode ser que todos me abandonem, porém continuarei só." Devemos seguir adiante com essa atitude, não importa quais sejam as circunstâncias que nos rodeiem. Depois, se me poderá outorgar algum reconhecimento: "Sim, apesar de todas as tribulações, ele se manteve firme." Nossos superiores se sentirão complacentes conosco.

Devemos analisar-nos. Quão egoístas somos? Até que ponto estão enraizados os anarthas, ou hábitos indesejáveis, em nossos corações? Até onde se encontram misturados com nossa verdadeira fé as impurezas de karma, jñana, desejos mentais e outras imundícies? Tudo isso terá de aflorar e ser eliminado de diversas maneiras. Se desejarmos o bem verdadeiro, ninguém poderá nos causar dano. Devemos nos mover com esse espírito, e depois compreenderemos as coisas tais como são.

Jesus e Judas

Mesmo Cristo disse a seus seguidores: "Um de você me trairá." Judas era um dos doze. Portanto, Jesus disse: "Um dos doze me entregará ao inimigo nesta mesma noite". Até isto pode ser possível. Ele disse: "Inclusive você, Pedro, me negará três vezes esta noite, antes que cante o galo". "Oh, não, não, não o posso negar." Mas, na verdade, o Senhor não tolera orgulho em um devoto. Ele quer rendição, rendição completa ."Não, não", disse Pedro. "Sou seu fiel servo." Essa classe de ego não deve prevalecer. Pedro, o líder, também ficou comprometido. Portanto, o Senhor não tolera o orgulho.

Os devotos são apenas instrumentos nas mãos do Senhor. Um rei muçulmano anunciou que precisava de um adulador, um homem que sempre dissesse sim. Antigamente, usavam-se aduladores nas cortes dos reis para aprovar tudo o que o rei dissesse. Esse rei anunciou que queria um adulador e muitos homens se aproximaram para solicitar o cargo. O rei começou
a entrevistá-los assim:

"Você crê que poderá desempenhar seus deveres de modo apropriado?"

"Sim, poderei fazê-lo."

"Creio que não poderá desempenhá-los corretamente."

"Não, senhor, poderei fazê-lo."

Todos foram descartados, exceto um. Quando o rei lhe disse: "Parece-me que você não está capacitado a levar a cabo a tarefa de um adulador", ele respondeu:

"Estou de acordo."

"Não, não, não", disse o rei. "Você poderá fazê-lo. Você é o mais indicado."

"Sim, sou o mais indicado."

"Não, não", prosseguiu o rei. "Agora duvido."

"Sim, também duvido."

Afinal, o rei disse: "Esse é o homem que preciso".

Aqueles que continuamente afirmavam estar capacitados foram rejeitados e despedidos.

Do mesmo modo, nossa alma deverá ter essa mesma flexibilidade no serviço ao Senhor. Não devemos ter nenhum ego. Naturalmente que isso é no sentido externo, já que temos nosso ego permanente interior, que surge quando a alma penetra nesses domínios mais elevados. Isso é uma coisa à parte. Entretanto, o ego material deve ser dissolvido cem por cento. Quando for jogado ao fogo, ficará reduzido a cinzas.

Além disso, devemos apontar numa só direção em nossa busca da verdade. Dronacharya era o astra-guru, o mestre-de-armas dos Pandavas. Um dia, enquanto examinava o progresso de seus discípulos, colocou um pássaro de brinquedo sobre a copa de uma árvore. Logo, pediu aos irmãos que se aproximassem, um por um, e apontassem.

Yudhisthira se aproximou e Dronacharya disse:

"Prepare para disparar contra o pássaro. Está pronto?"

"Sim."

"O que vê? Vê algo mais?"

"Sim, vejo todos vocês."

"Afaste-se."

Então, outro dos irmãos se aproximou. Dronacharya disse:

"Dispare no olho do pássaro. Isso é o que deve ser atingido por sua flecha. Aponte. O que você vê?"

"O pássaro."

"Algo mais?"

"Sim, também a árvore."

"Oh, afaste-se!"

Então, veio Arjuna. Dronacharya disse a ele:

"Prepare-se."

"Sim, meu senhor, já o fiz."

"Você vê o pássaro?"

"Sim, vejo."

"Vê a árvore?"

"Não."

"Vê todo o pássaro?"

"Não."

"O que você vê?"

"Só a cabeça."

"Toda a cabeça?"

"Não."

"Então, o que vê?"

"Somente o olho."

"Você não vê mais nada?"

"Não, não posso ver mais nada."

"Bem, meu filho, dispare sua flecha!"

Esse é o tipo de pontaria que devemos ter em nossas vidas. É fazer ou morrer. Não importa quais sejam as circunstâncias que cheguem para me atemorizar, não terei medo. Se meus próprios homens se converterem em meus inimigos, não importa. O único que me interessa é Ele, e Ele não tolera que ninguém mais se converta em Seu sócio. Ele é absoluto. Ele é meu dono absoluto. Ele não admite nenhum tipo de sociedade. Assim, devo ir onde minha consciência espiritual me levar. Pela vontade de Deus, os amigos podem converter-se em inimigos e os inimigos podem transformar-se em amigos; porém, devo aferrar-me ao meu ideal. Se sou de natureza progressista, então terá de haver eliminação e recomeços. Isto é inevitável no decorrer de nossa realização.

Quando frequentamos a escola, nem todos passam de ano. Alguns são renovados e teremos de conhecer novos companheiros de classe. De novo avançamos e uma vez mais teremos outros companheiros, enquanto alguns dos velhos ficarão para trás. Isso é muito natural. Isso não quer dizer que estejamos invejosos deles. Simpatizamos com eles e faremos tudo que estiver ao nosso alcance para ajudá-los. Não obstante, tudo isso poderá acontecer.

Essa é a natureza da vida espiritual e não podemos evitá-lo. O princípio do absoluto e o princípio do relativo sempre se chocam. Parece que lutam um contra o outro, porém o absoluto deverá ser aceito e o relativo deverá ser sacrificado.

Prisão Mental

Apesar disso, o relativo é necessário. Um menino deve pôr toda sua fé no mestre do primário, (caso contrário) seu progresso se verá obstado. Ele não deve pensar que o que o seu mestre lhe ensina é falso ou de baixo nível. Quando tiver crescido, terá de aceitar outro mestre para sua educação superior; contudo isso não significa que o mestre do primário deverá ser descartado ou insultado.Para nosso próprio interesse, devemos aceitar tudo aquilo que tenha afinidade com o que nosso Guru Maharaj nos deu, tudo aquilo que nos ajude a compreender mais claramente o que escutamos dos lábios de nosso Guru Maharaj.

De outro modo, o que foi que aprisionei em minha mente durante meu aprendizado? Deus não é algo finito. Ele é infinito. Deveria limitar-me ao pouco que pude encarcerar dEle na prisão de meu cérebro? O que é isto? Minha realização é algo vivo ou está morta? Há algum crescimento? Aquilo que recebi de meu mestre espiritual pode desenvolver-se ou se esgotou? Já alcancei o nível do infinito, além do qual não se pode progredir?

Se alguém afirma que chegou a esse nível e que não existe nada mais a compreender, oferecemos-lhe nossas reverências de longe. Não somos adoradores dessa idéia. Detesta-mos que alguém pense que alcançou o final, que logrou a perfeição. Inclusive um acharya deverá considerar-se um estudante e não um mestre consumado que tem tudo. Viemos realizar o infinito, e não o finito. Portanto, esta luta entre o conhecimento finito e o conhecimento infinito continuará sem cessar.

Deveríamos pensar: "O que compreendi é absoluto"? Não! Não chegamos ao fim do conhecimento. Ainda temos o que aprender. O próprio Brahma diz: "Fui totalmente enganado por Teu poder, meu Senhor. Não cheguei a parte alguma."

Aquele que conseguiu entrar em contato com o infinito só poderá dizer: "Não sou nada". Esse deve ser o ponto relevante. Srila Krsnadas Kaviraj Goswami, o expoente das escrituras mais importantes do Vaishnavismo Gaudiya, disse: purisera kita haite muni sei laghista: "Sou mais baixo que um verme no excremento". Ele é sincero ao afirmar isto.

Deveríamos nos sentir envergonhados ao expressar o carater negativo? O desenvolvimento negativo é a verdadeira riqueza para o discípulo. Por ele expor esse carater negativo, prostramo-nos a seus pés. E se alguém disser: "Dou por encerrado todo o aprendizado. Deus, Chaitanya, é meu discípulo", devemos rejeitá-lo como o maior inimigo que poderemos encontrar no mundo!

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(Do livro Sri Guru e Sua Graça)