Aqui, Krishna nos deu o padrão pelo
qual poderemos compreender, de uma fonte fidedigna, o
que é o que. O critério para medir a verdade ou a inverdade
não deve provir de um plano vicioso e vulnerável, mas
de um plano real. Para compreender isso, devemos possuir
estas três qualificações: pranipat, pariprasna
e seva. Pranipat significa que devemos render-nos
a esse conhecimento, pois não se trata de um conhecimento
ordinário, que possamos, como sujeitos, torná-lo nosso
objeto; o mesmo é supra-subjetivo. Neste mundo material,
podemos ser os sujeitos, porém temos que nos converter
em objetos para sermos manipulados pelo supra-conhecimento
daquele plano.
Pranipat
significa que a pessoa se aproxima de um mestre espiritual,
dizendo-lhe: "Encerrei a experiência deste mundo externo.
Não me sinto encantado por nada que pertença a este plano
através do qual tenho viajado. Agora, ofereço-me exclusivamente
em seu altar. Desejo obter sua graça". É nesse espírito,
que devemos nos aproximar deste conhecimento superior.
Pariprasna
significa indagação honesta, sincera. Não devemos questionar
com tendência à discussão ou em humor de controvérsia,
senão que todos nossos esforços devem concentrar-se em
uma linha positiva para compreender a verdade, sem espírito
de dúvida e suspeita. Devemos tratar de entender essa
verdade com plena atenção, porque provém de um plano mais
elevado de realidade, que nunca conhecemos.
Por
último, encontra-se sevaya, ou serviço. Esta é
a coisa mais importante. Não tentamos receber este conhecimento
para obter ajuda daquele plano, e nem poderemos utilizar
essa experiência para viver aqui; pelo contrário, devemos
comprometer-nos a servir aquele plano. Unicamente com
essa atitude poderemos aproximar-nos daquele plano de
conhecimento.
Devemos
prestar serviço a este conhecimento superior. Não devemos
fazer com que ele nos sirva. Senão, não nos será permitido
entrar naquele domínio. O conhecimento absoluto não virá
servir este plano inferior. Devemos oferecer-nos para
que ele nos utilize, e não tentar utilizá-lo para nossos
fins egoístas ou para satisfazer nossos propósitos inferiores.
Devemos
dedicar-nos a esse conhecimento absoluto na modalidade
de serviço. Ele não se ocupará em satisfazer nossos baixos
instintos animais. Assim, pois, com essa atitude, poderemos
buscar o plano do conhecimento verdadeiro e receber a
compreensão apropriada, e então poderemos saber o que
é o que e ter uma avaliação correta de nosso meio ambiente.
Isto
é cultura védica. O conhecimento absoluto sempre se transmitiu
tão-só por este processo, e nunca pela abordagem intelectual.
Srila Prabhupada Bhaktisiddhanta costumava citar a analogia
da abelha: o mel está dentro de um pote fechado com uma
rolha e a abelha já pousou. Lambendo a garrafa a abelha
tenta provar o mel. Assim como a abelha não pode saborear
o mel enquanto lambe o pote de vidro por fora, tampouco
o intelecto pode aproximar-se do mundo do espírito. Podemos
pensar que o conseguimos, mais isso não é possível. Há
uma barreira que é como o vidro do pote. As conquistas
intelectuais não são uma verdadeira aquisição de conhecimento
superior. Só através da fé, da sinceridade e da dedicação,
poderemos nos aproximar dessa dimensão superior e tornar-nos
membros dela. Somente poderemos ingressar nesse plano
superior se nos derem um visto e nos admitirem. Assim
poderemos entrar nessa terra de vivência divina.
Portanto,
um candidato deverá possuir essas três qualificações,
antes de poder aproximar-se da verdade que se encontra
no plano superior da Realidade Absoluta. Ele só pode aproximar-se
da Verdade Absoluta com uma atitude de humildade, sinceridade
e dedicação. Encontramos afirmativas similares no Srimad-Bhagavatam
e nos Vedas. Nos Upanisads se diz: tad vijnanartham
sa gurum evabhigacchet samit panih srotriyam brahma nistham
- "Aproxima-te de um mestre espiritual. Não te dirijas
a ele com uma atitude vacilante ou negligente, semas com
um coração limpo e fervoroso."