"Anartha"
significa "interesse separado." A consciência de Krishna
não tem causa. É nirguna, não tem fim. Nirguna
significa que o fluxo e a vibração central da consciência
de Krishna são eternos. Essa onda não tem fim. Anartha
é qualquer interesse que esteja separado da consciência
de Krishna. "Artha" significa "necessidade" e "anartha"
é aquilo que não é a minha necessidade –aquilo que
se opõe à minha necessidade e se baseia numa consciência
e interesse separados. Assim, para nos livrarmos da armadilha
do interesse separado que nos está desorientando, e aprendermos
a ler o Infinito, temos de nos identificar com o fluxo
universal, com a onda universal. No
presente, estamos sendo levados embora por diferentes
ondas de uma consciência de interesse separado –o
que não necessitamos. Nossa única necessidade é submergirmos
na onda do interesse universal, que existe por Si mesmo
e para Si mesmo.
aham hi sarvva-yajnanam
bhokta cha prabhur eva cha
(Bhagavad-gita 9.24)
"Eu
sou o único desfrutador de todos os sacrifícios, de todo
movimento neste mundo. Eu sou o único desfrutador, e tudo
pertence a Mim incondicionalmente."
A
posição de Deus é proeminente. Ele é o centro harmonizador
mais elevado, e todos nós devemos nos submeter cem por cento
a Ele. Qualquer desvio disso é anartha. Anartha
quer dizer "sem significado", que não possui qualquer significado.
O único significado ou objetivo verdadeiro que vale servir
é a conexão com a onda universal, com o movimento universal.
Tudo o mais além disso é indesejável e desnecessário.
Os
anarthas não servem a qualquer propósito. Estamos
conectados a coisas indesejáveis que não servirão a qualquer
propósito real na direção de nossa causa. Mas a verdadeira
causa de nossa vida e toda a satisfação da nossa própria
existência serão encontradas apenas em conexão com a onda
universal do Todo Absoluto. Isso é consciência de Krishna.
Trata-se da onda mais universal e fundamental, e temos de
capturar isso.
Nosso
objetivo, nossa satisfação e o próprio preenchimento de
nossa vida somente podem ser encontrados lá, naquela camada,
naquele plano, e não no plano superficial do interesse nacional,
interesse familiar, interesse social, etc. –pois isso
é provincialismo. Um grupo se encontra ocupado com muitos
interesses locais, e outro deseja interromper todas as atividades.
Renúncia é parar com nosso
próprio movimento, acabar com nossa própria existência.
Essa renúncia é samadhi, e é também suicida. Então,
temos de abandonar tanto renúncia quanto o desfrute. A tendência
a praticar o mal e também a tendência a entrar em greve,
ambas devem ser abandonadas.
Numa
nação, podemos encontrar vários trabalhadores fazendo
algo errado, contrariando o princípio da lei; mas isso
é delinquência. Ao mesmo tempo, também é ruim entrar em
greve, recusando-se a trabalhar. O bom caminho é de trabalhar
apenas para o interesse do país. Temos de aprender isso:
do interesse local, devemos ir para o universal, o Absoluto.
Não devemos ter qualquer interesse local por mais amplo
que possa ser, seja autocentrado, centrado na família,
centrado no vilarejo, centrado na sociedade –como
o trabalho humanitário–, pois tudo é apenas uma
parte do Infinito. Isso é um fato, e, geralmente, devemos
tentar compreender as coisas dessa forma.