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Prefácio
ao Sri Sri Prapanna
Jivanamritam

Srila Bhakti Raksak
Sridhar Dev-Goswami
Maharaj

____________________________

Por ser uma partícula de consciência, a alma é capacitada com livre arbítrio. Ao eliminarmos o livre-arbítrio, resta apenas matéria densa. Sem independência, a alma não pode progredir do cativeiro para a liberação e sua salvação final teria sido impossível. Mas seu espírito de exploração é uma força alheia, um intoxicante —um equívoco que envolve sua independência.

Podemos analisar cientificamente três tipos de objetivos de vida: exploração, renúncia e dedicação. A tendência geral é de as pessoas se ocuparem em explorar as demais pessoas, espécies ou elementos para o desfrute mundano dos sentidos. Desejam elevar-se materialmente dentro do ambiente atual e, assim, são descritas como "elevacionistas".

Uma classe de pessoas mais sóbrias descobre as severas reações iguais e em sentido contrário aos objetivos mundanos e se ocupa da renúncia ao mundo em busca de um equilíbrio comparável a uma inatividade profunda e sem sonhos. Ao não permanecerem despertas para o mundo, esperam escapar de suas reações e sofrimentos concomitantes. Assim, sua meta é a liberação e são conhecidos como "salvacionistas" ou "liberacionistas".

Mas, através da correta interpretação das escrituras reveladas pelos adeptos eruditos como Sri Sanatana Goswami, Sri Jiva Goswami e Sri Ramanuja, os devotos da divindade sabem que perseguir tanto a exploração como a renúncia não só é um esforço infrutífero como danoso ao verdadeiro progresso.

O plano normal, saudável e feliz encontra-se na vida de dedicação. Sem explorar nem emprestar nada do meio ambiente e sem tentar artificialmente renunciar ao mesmo, a pessoa que é sincera em dedicar a si mesma naturalmente entra em contato com um plano de vida mais elevado e mais sutil. Devido à sua predisposição a dar e a servir, atingirá uma sociedade superior e obterá um mestre apropriado. O espírito de desfrute força a pessoa a se associar a um segmento inferior com o objetivo de controlar e desfrutar. E o espírito de renúncia fascina até mesmo os eruditos com sua "superio-ridade prestigiosa" acima da exploração. Portanto, é mais perigosa, assim como a meia-verdade é mais perigosa que a mentira. Tal como é difícil despertar alguém do sono mais profundo possível, os liberacionistas podem permanecer por tempo incalculável em sua cela da liberação não diferenciada. Mas a existência superior convidará o serviço daquele que deseja dedicar-se puramente e sem remuneração.

Seva –serviço, dedicação–é a essência dos ensinamentos da escola Vaishnava –o terceiro plano da vida no qual cada unidade é um membro dedicado de um todo orgânico. Em tal ajuste normal, cada um ajuda mutuamente o outro em seu serviço ao Centro, quem é o mais elevado recipiente e a entidade mais elevada. Tudo existe para satisfazer a Ele, pois Ele tem de possuir essa qualificação para ser o Absoluto. Ele é a causa primordial de todas as causas –e tudo existe para Ele, para satisfazê-lO.

Uma concepção estéril de mera "ausência de morte" não pode nos conceder qualquer conhecimento da coisa positiva, mas apenas liberdade do lado negativo. Se imortalidade significa "não influência da mortalidade", qual é então sua concepção positiva? Qual será a natureza, o movimento e o progresso daquilo que é imortal? Sem essa compreensão, a imortalidade é apenas uma idéia abstrata. Por não exibir os sintomas da morte, a pedra seria "mais imortal" do que os seres humanos e as entidades conscientes seriam "mortais", para sempre sendo-lhes negada a imortalidade! Qual é então a concepção positiva de imortalidade? Como o imortal é "imortal"? Qual é a realidade positiva na imortalidade? Como uma pessoa pode tornar-se imortal? A pessoa deve buscar por sua localização intrínseca na ordem universal. Não serve de nada tentarmos resolver somente o lado negativo da vida que está repleto de sofrimento —nascimento, velhice, doença e morte.

Precisamos saber que existe uma concepção de vida pela qual vale a pena viver. Este lado positivo tem sido quase que totalmente negligenciado pelas visões religiosas em geral. A "imortalidade" professada pelas escolas de Budha e de Shankaracharya não produzem uma vida positiva. Seus objetivos são respectivamente o maha-nirvvana e o brahma-sayujya. A teoria dos budistas é que depois da liberação nada permanece. Eles anseiam pela extinção absoluta da existência material (prakriti-nirvana). E a teoria de liberação monista dos shankaritas é de se perder a própria individualidade para "se tornar uno" com o aspecto não-diferenciado do Absoluto. Ou seja, anseiam pela extinção no Brahman (brahma-nirvana). Postulam que, quando a tríade do vidente-visível-visto (drasta-drisya-darsana), ou conhecedor-cognoscível-conhecimento (jñata-jñeya-jñana) culminam num ponto único, a tríade é destruída (triputi-vinasa) e nada mais permanece.

A ação e areação materiais cessam no Viraja, o rio da passividade, que se localiza na margem mais alta deste mundo ilusório (mayika). E acima do Viraja encontra-se o destino dos shankaritas —o estágio "abscissa" (terminação) ou o plano não diferenciado do Brahman, chamado de Brahmaloka e que se situa na parte inferior do domínio espiritual. Ambas são áreas vagas de "imortalidade negativa". Brahmaloka é um estado marginal ou "fronteiriço" a meio caminho entre os mundos material e espiritual. Composto de inúmeras almas, é um plano imortal desprovido de variedade específica (nirvvisesa). Possui positividade somente no sentido de que é um plano de existência, um plano de fundo (kastha), mas, em si, falta-lhe desenvolvimento positivo de existência variegada (kala). A natureza do plano de fundo é una, e o desenvolvimento tecido sobre o mesmo necessita de pluralidade ou de uma natureza diferenciada (kala-kasthadi rupena parinama-pradayini —Chandi, Markandeya Purana)

No Bhagavad-gita (15.16), são descritas as existências mutável (kshara) e imutável (akshara), representando o pessoal e o impessoal, o desenvolvimento e a base, ou as concepções diferenciada e não diferenciada da existência geral. O mutável é representado pela multidão de seres vivos corporificados, enquanto que o aspecto imutável é a grande expansão do Absoluto todo-acomodante, o Brahman (Bhagavad-gita, 8.3).

Na análise da ação mundana, a forma mais sutil de ação prévia não frutificada, anterior à propensão atual ao pecado (o estado seminal), foi definida (B.r.s. Purvva 1.23) como sendo não cognoscível, indistinta e de origem imperscrutável (kuta). O aspecto imutável Brahman do Absoluto é do mesmo modo definido como sendo unidimensional —indetectável, inespecífico e sem definição de cor, som ou sabor; um estágio de existência (kuta) desconhecido, incognoscível e incompreensível. Mas o Senhor Supremo, Krishna, encontra-Se acima das existências mutável e imutável e, assim, Suas glórias são cantadas em todos os Vedas e no mundo como sendo Ele o Purusottama, a Personalidade Suprema (Bhagavad-gita, 15.18). Sri Sukadeva Goswami afirma que o Senhor Krishna pode ser encontrado no plano mais remoto e distante: Ele se encontra em toda parte —a fonte original de todas as concepções (vidura-kasthaya, Srimad-Bhagavatam: 2.4.14). Ele não pode ser eliminado.

Assim, a "imortalidade" das escolas impersonalistas tais como a dos budistas, shankaritas e outros, não oferece uma vida positiva. Mas no Vaisnavismo, a imortalidade é uma existência positiva e dinâmica. Acima do aspecto não diferenciado do Brahman, começa a existência transcendental, variegada no primeiro vislumbre do céu espiritual, o plano conhecido como Paravyoma (Chaitanya-charitamrita, Madhya 19.153). Situado lá no plano espiritual, encontra-se o Reino de Deus positivo: primeiro vem Vaikuntha, depois Ayodhya, Dvaraka, Mathura e, finalmente, acima de todos, Goloka. Transcendendo as áreas vagas da "imortalidade negativa" que são a aspiração dos impersonalistas, os devotos —os Vaishnava– dedicam-se à vida de serviço devocional eterno ao Senhor Supremo do domínio transcendental (Bg. 18.54). Ainda que a alma pode vir a se maladaptar a um estado de existência decaído nos planos da exploração e da renúncia, ela é inerentemente adaptável à vida positiva no Reino de Deus. E ao desabrochar plenamente, alcança o domínio de Goloka (svarupe sabara haya golokete sthiti — Sri Sri Krsnera Astottara-sata-nama).

Sri Prapanna-jivanamritam: amrita significa "imortal ou "néctar", e jivana significa "vida". A imortalidade positiva é possível somente para as almas rendidas (prapannanam). As demais são necessariamente mortais. Somente aqueles que se entregaram completamente ao Centro estão vivendo na eternidade. A rendição é plenamente estabelecida em sua excelência e em sua posição constante. Contudo, existe variedade dentro da constância, na forma do movimento progressivo, ou passatempos (vilasa). A Absoluta Suprema Personalidade é infinitamente superior tanto aos "mortais" mutáveis como ao Brahman "imortal imutável" (negativo). Somente as almas svarupa-siddha –ou as almas que estão perfeitamente estabelecidas em seu relacionamento divino com Ele– estão eternamente livres da doença da mutação e da mortalidade (svarupena-vyavasthitih, Srimad-Bhagavatam, 2.10.6).

Com uma visão ampla, devemos nos reconhecer como sendo criados de material inferior, e que, somente com ajuda do alto, podemos melhorar nossa situação e alcançar uma posição no plano superior. Precisamos de uma atitude submissa e servil. Se nos submetemos, o aspecto ditatorial universal do Absoluto nos elevará a um prospecto superior. Ele é o autocrata, o conhecimento absoluto, o bem absoluto —tudo a Seu respeito é absoluto. Ao estarmos numa posição vulnerável como a que experimentamos neste mundo, por que não nos submeteríamos a Ele?

O caminho que conduz até a esfera da transcendência (adhoksaja) é o método dedutivo ou descendente (avaroha-pantha). Podemos alcançar o bem absoluto, a vontade absoluta, unicamente por Seu consentimento. Somente por meio da fé em rendição absoluta alguém recebe permissão de entrar naquele domínio e jamais através da "exploração", pela "colonização" ou tentando tornar-se um "monarca" por lá. Nenhum método indutivo ou ascendente (aroha-pantha) tal como a renúncia ou a ioga, etc., podem compeli-lO a nos aceitar. Somente a pessoa que Ele escolhe pode alcançá-lO (Svet. 6.23). Ainda que o ponto mais elevado dos renunciantes é a ausência de desejos ou a liberdade da possessividade, a alma rendida (saranagata) está naturalmente livre dos desejos (akiñchana, Ch.ch. Madhya 22.99). O desapego é apenas o lado negativo da rendição, e, acima da abnegação, o devoto se rende à substância superior, o que significa estar desperto em outro mundo, em outro plano de vida. Essa é a concepção Vaishnava de vida positiva —determinar nosso próprio Eu real além da jurisdição do mundo do equívoco.

A natureza da substância progressiva é a existência eterna, o conhecimento e a beleza (sach-chid-ananda). O todo uno, orgânico e harmonizante (advaya-jñana-tattva) contém todas as similaridades e diferenças mantidas inconcebivelmente nas mãos do Absoluto (achintya-bhedabheda-tattva). E não existe anarquia no poder absoluto. Contudo, a misericórdia encontra-se acima da justiça. Acima do judicioso, a posição suprema é mantida pelo amor, simpatia e beleza: "Eu sou o poder absoluto, mas sou amigável a todos vocês. Sabendo disso você nunca tem do que temer" (Bhagavad-gita, 5.29). Esta revelação nos alivia de toda apreensão: não somos vítimas de um ambiente caótico, mas é judicioso, considerado —e o administrador último é nosso amigo.

Sri Jiva Goswami afirmou que entre os seis sintomas de rendição, aceitar a proteção do Senhor (goptritve varanam) é central, desde que a rendição total expressa o mesmo ideal. Os restantes cinco sintomas de aceitar o que e favorável, rejeitar o desfavorável, ter fé na proteção do Senhor, completa auto-entrega e humildade são servos associados naturais que contribuem para o ideal (angangi-bhedenasad-viddha; tatra 'goptrtve varanam' evangi, saranagati-sabdenaikarthyat; anyani tat parikaratvat —Bhakti-sandharba, 236).

A rendição é a fundação do mundo da devoção. É a própria vida e essência. A pessoa não pode penetrar nesse domínio sem rendição. Esta deve estar presente em cada forma de serviço, e tentar o serviço divino sem rendição seria mera imitação e uma formalidade sem vida. A plena essência da instrução védica é de se dedicar ao serviço do Senhor. Em seu comentário do Srimad-Bhagavatam, Sri Sridhar Swamipada afirmou que, somente se as praticas da devoção forem inicialmente oferecidas ao Senhor Supremo poderão ser reconhecidas como devoção. Tentar executá-las para posteriormente oferecê-las não pode ser devoção pura (iti nava laksanani yasyah sa, adhitena ched bhagavati visnau bhaktih kriyate. Sa charpitaiva sati yadi kriyeta, na tu krita sati pascad arpyeta). Sem a rendição, a atividade será adulterada com exploração, renúncia, meditação artificial (karma, jñana, ioga), e dai em diante.

Por constituição, a alma é serva do Senhor, e o Senhor tem o direito de fazer e desfazer, de fazer tudo de acordo à Sua doce vontade. Se aceitarmos essa verdade e adotarmos as práticas devocionais de ouvir, cantar, lembrar e adorar, somente então nossa atividade será devocional. Somente a atividade da alma autodedicada pode ser devoção. A prece sincera nos ajudará a buscar pela ajuda do Senhor, mas, novamente, só a oração no espírito de entrega é capaz de alcançá-lO (Sharanagati, 1.5). A senda da devoção requer aumento de nosso status negativo para convidar o positivo a que descenda e nos abrace: "Eu sou muito baixo, e Você é tão elevado. Você pode purificar-me; pegue-me e use-me para Seus objetivos superiores. Fique satisfeito. Caso contrário, estou desamparado, negligenciado." É impossível torná-lO ativo na gaiola de nosso conhecimento. Somente o caminho da devoção pode ajudar-nos. Em todo aspecto, Ele é elevado, grandioso e infinito –e nos somos igualmente pequenos. Sua misericórdia –Sua simpatia, amor e graça, são o único meio através do qual podemos nos reunir. E a boa fé é autônoma naquela terra doce que é tão elevada. Esperaremos e oraremos ansiosamente pela associação com a existência superior como um seu escravo; e esse também será nosso prospecto feliz para o futuro.

Krishna não está no âmbito de nosso controle. Por isso as escrituras e os santos sempre recomendam que nos aproximemos de um Mestre Divino genuíno e dos Vaisnavas. O critério para satisfazer o Senhor Supremo é satisfazer nosso Gurudeva: se Gurudeva estiver insatisfeito conosco, o Senhor estará certamente insatisfeito. Nas Escrituras, foi apresentada uma analogia que compara o Senhor ao Sol, o Guru ao lago e o discípulo a uma flor de lótus. Se o lago seca, o próprio Sol esturric e seca a lótus —e a lótus será animada pelo Sol enquanto a água do lago a suporta e a rodeia. Yasya prasadad bhagavat prasado, yasyaprasadan na gatih kuto 'pi; dhyayam stuvams tasya yasas tri-sandhyam, vande guroh sri-charanaravindam: "Eu me curvo aos pés de lótus de Sri Gurudeva. Por sua graça alcançamos a graça de Krishna e, sem a sua graça, estamos perdidos. Portanto, meditamos em Sri Gurudeva, cantamos suas glórias e oramos por sua misericórdia de madrugada, ao meio dia e à noite." (Gurvastakam, 8)

Todos os relacionamentos do Guru Vaisnava com o discípulo são fruto da graça, e sua graça é seu desejo de estender a sua riqueza ao discípulo. Sua instrução é o meio de asseverar a sua vontade, que é o serviço para satisfação do Senhor. E, por meio do serviço, convidamos a sua graça. Por nosso desejo ansioso de servir, obtemos sua simpatia e seu desejo de expandir sua boa-vontade para nos encorajar em nosso relacionamento com a entidade suprema.

Primeiramente, vem a rendição: precisamos oferecer respeito exclusivo a ele (pranipata), caso contrário, não devemos nos aproximar dele. Em segundo lugar, devemos inquirir com sinceridade e consistência (pariprasna). Num espirito rendido, devemos ouvir as mensagens que nosso Mestre Divino nos transmite de seu assento venerado, a Vyasasana. Nesse ambiente condizente, a inspiração e o preceito apropriados poderão descender até nós casualmente. E por último, render serviço (sevaya) nos permite saborear a essência (Bhagavad-gita, 4.34).

Pela instrução de seu Gurudeva Devarsi Narada, Vyasadeva teve de passar por um desenvolvimento progressivo (Srimad-Bhagavatam, 1.5). Narada está situado na devoção não calculativa (jñana-sunya-bhakti, ou jñana-vimukta-bhakti-paramah), e, acima de Narada, encontra-se Uddhava, quem está estabelecido em amor divino e exclusivo por Krishna (premaika-nisthah). Até a pessoa alcançar Goloka, onde se encontra a concepção plenamente desenvolvida de Krishna, os demais estágios podem ser mutáveis. Não existe mais mudança quando a pessoa está firmemente estabelecida em seu relacionamento divino com o Senhor Original (svayam-bhagavan), Krishna. Na narrativa do Brihad-Bhagavatamritam, Gopakumara passa por Vaikuntha, Ayodhya, Mathura, Dwaraka e finalmente chega a Vrindavana. Lá, seu relacionamento divino particular com o Senhor culmina firmemente em amizade (sakhya-rasa). Para ele, os estágios anteriores eram passageiros –ainda que para outros poderia ocorrer um relacionamento permanente em um deles. Eles são os estágios progressivos da "imortalidade positiva".

Na conversa entre Sri Chaitanya Mahaprabhu e Sri Ramananda Raya às margens do rio Godavari, a inteireza do desenvolvi-mento teísta foi expresso em planos progressivamente mais profundos. Nos estágios positivos, existe uma hierarquia positiva de relacionamentos divinos entre os vários tipos de devotos e o Senhor (karmmibhyah...kah kriti, Upadeshamrita, 10), sendo que cada tipo tem seu relacionamento central característico (vaikunthaj...viveki na kah, Upadeshamrita, 9). Na dimensão divina, a profundidade e o grau de rendição também podem ser avaliados segundo a ciência dos relacionamento (rasa-tattva): passividade, servidão, amizade, parentesco e conjugalidade (santa-, dasya-, sakhya-, vatsalya- e madhura-rasa) são as divisões naturais, cada uma consecutivamente de uma camada mais refinada. E superior até mesmo ao relacionamento conjugal direto com o Supremo encontra-se o mais elevado no âmbito total dos serviços devocionais: o serviço divino à Metade Predominada e Suprema (Sri Radha-dasya).

A qualidade da magnitude da verdade encontrada pode ser avaliada conforme a intensidade da rendição —até o ponto em que não há mais retorno. A doçura interna da verdade e sua característica infinita atraem o coração dos devotos ao grau mais elevado, ao ponto em que eles nunca sentem qualquer satisfação de realização naquilo que é o cume de sua maior fortuna. Em Vaikuntha, somente estão presentes a passividade e a servidão, com um toque de amizade. Se cometermos a ofensa de prestar mais atenção à lei do que ao amor, seremos "arrojados para baixo" de Goloka a Vaikuntha: Goloka é a terra do amor, onde os habitantes desconhecem qualquer outra coisa. E, por amor, entendemos o auto-sacrifício e o auto-esquecimento para o serviço a Krishna, sem cuidar de sua própria boa ou má fortuna —risco total ao extremo.

Em seu livro Bhakti-sandarbha, Sri Jiva Goswami define "Bhagavan", a Suprema Personalidade de Deus, como sendo mais do que o "Senhor Narayana de Vaikuntha, o mais poderoso em todas as fases". Acima disso, Sua existência, aparência e natureza atraem a todos a servi-lO, amá-lO e a morrer por Ele (bhajaniya-guna-visista). Sua qualificação
é tão bela assim. Portanto, Krishna é a concepção mais elevada do Supremo, e Ele pode ser conhecido pelos devotos em Consciência de Krishna. Aqueles que servem e adoram o Senhor Supremo conforme os regulamentos e cálculos escriturais pertencem à adoração que se situa na categoria de Vaikuntha. Em Vaikuntha, na concepção transcendental consciente (adhoksaja), o Supremo, em Sua forma de Narayana, aceita o serviço reverencial em Sua Dignidade Majestosa. Mas os devotos de uma ordem superior estão rendidos exclusivamente ao serviço ao Senhor Krishna com seu amor e fé de um tipo mais profundo.

O conceito Krishna de Goloka Vrndavana é corroborado no Srimad-Bhagavatam, que é a mais elevada interpretação das Escrituras Védicas. E Sri Chaitanya Mahaprabhu é conhecido como sendo o Próprio Krishna unido à Sua potência superior, Sri Radha. Mahaprabhu Sri Chaitanyadeva revelou com clareza que a genuína interpretação e objetivo de todas as Escrituras reveladas é de nos orientar fielmente rumo ao objetivo mais elevado: o domínio do amor e da rendição incondicional ao poder central da verdade, personificado como a beleza e o afeto na forma do Senhor Krishna. O afeto é a força maior que atrai a todos e não o poder. Consciente ou inconsciente-mente, o amor e o afeto detêm a posição absoluta, pois o amor é superior a todo poder e conhecimento; é o verdadeiro preenchimento do âmago do coração. Nossa existência mais profunda anseia apenas por amor, beleza e afeto –e não por conhecimento ou poder. O finito não pode capturar o Infinito, mas o Infinito pode se dar a conhecer ao finito. E quando o Infinito aparece como um membro da terra do finito, o finito obtém seu ganho mais elevado. Krishna carrega os sapatos de Seu pai e chora quando é castigado por Sua mãe. Através do amor, o Absoluto descende até o finito.

Em Vrindavana, encontramos a abordagem mais íntima do Infinito para com o finito. O Infinito vem para abraçar o finito em sua plena capacidade (aprakrita), misturando-se a coisas finitas tão intimamente que as pessoas não conseguem perceber o carater Divino e transcendental do Senhor como sendo a própria Divindade. Nós, almas infinitesimais, podemos atingir nossa maior fortuna quando o Infinito vem até nós em sua abordagem mais elevada —como se fosse um de nós! Sua abordagem é tão misericordiosa, tão grandiosa, tão íntima e tão perfeita.

Sri Chaitanya Mahaprabhu –que é uma combinação de doçura e magnanimidade– anunciou abertamente que somos todos escravos naturais da entidade suprema (Chaitanya-charitamrita, Madhya 20.108). Mas esta é uma escravidão à grande força do amor e da beleza. A maior fortuna é poder ser utilizado de qualquer forma pela existência, conhecimento e beleza absolutos —estar em harmonia com o centro superior. Ninguém é forçado ou barrado, pois esta é a natureza intrínseca da alma.

Este livro Sri Sri Prapanna-jivanamrtam foi compilado para suprir sustentação e nutrição espiritual aos devotos seguindo fielmente a Sucessão Divina de Nitya-lila-pravista Om Visnupada Paramahamsa Astottara-sata Sri Srimad Bhakti Siddhanta Saraswati Goswami Prabhupada Foi especialmente inspirado pela mensagem divina do Sharanagati de Srila Thakura Bhaktivinod e produzido em serviço às literaturas Gaudiya Vaishnavas tais como Sri Hari-Bhakti-Vilasa e Bhakti-Sandarbha bem como aos escritos de outras Sucessões Divinas Autorizadas –tais como a Ramanuja Sampradaya.

O Néctar nas Vidas das Almas Rendidas sustentará e fortalecerá as almas rendidas como o néctar de suas vidas de Imortalidade Positiva e Progressiva.