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O Princípio Parakiya

A Devoção no Humor
de Amante

Srila Bhakti Raksak
Sridhar Dev-Goswami Maharaj

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Um ponto importante a conceber é o princípio de parakiya como se aplica a nossa vida atual. Todas as nossas obriga- ções cármicas são análogas à posição do esposo (pati). No sistema social hindu, o esposo detém controle completo (senhorio) sobre a esposa. Eliminar a gratidão a ele, desobedecê-lo e procurar conforto e prazer em outro (amante) é como livrar-se das obrigações com todas as forças dominantes, fora Krishna.

As forças de nossas atividades passadas têm o direito de exigir de nós. Ao vagarmos pelo mundo, incorremos em tantas obrigações, em tantos lugares, que isso não pode ser negligenciado. Karma e jñana desejam ser nossos mestres, cobrar de nós o que nos emprestaram para quitar a dívida. Deveriam ser vistos como o esposo: eles têm exigências que devemos cumprir. Desobedecê-los (ao esposo) e usarmos nosso livre arbítrio para irmos para o lado de Krishna é como parakiya bhajan (a devoção de amante).

De um lado temos a cobrança total do meio ambiente, e do outro, o uso de nosso livre arbítrio nos leva rumo a Deus (Krishna), ignorando a obrigação externa. Isso é trair o esposo (pati-vañchana). É como quando tomamos dinheiro emprestado e somos obrigados a pagar de volta a quem nos empresta. Não é permitido lidar com ele publicamente de modo a destroná-lo, depô-lo e desobedecê-lo. Não podemos escapar de nossa obrigação. Mas, com o livre arbítrio, desde a região mais profunda de nosso coração, podemos nos aliar a Krishna. De nossa vida anterior, adquirimos tantas tendências anti-Krishna que nos mantêm prisioneiros. De algum modo, temos de levar nosso livre arbítrio para longe delas, inconscientemente, sem elas saberem, e dedicá-las a Krishna. É possível fazer isso a partir de nossa posição atual. Onde quer que estejamos, independente de quanto de dívida tenhamos –não importa o tamanho da carga–, o livre arbítrio nos removerá daquele círculo obrigatório e direcionará tudo para o lado de Krishna.

Nossa simpatia interna (preconceito, seleção) deveria dirigir-se nessa direção. Oramos por isso. Realizamos que nos encontramos em meio a um ambiente desfavorável. O esposo, os cunhados, a sociedade e até mesmo a escritura —todos estão contra mim. Enganando-os, secretamente, com meu livre arbítrio e com a ajuda de um grupo em particular (Seus devotos), eu me aproximarei de Krishna.

Discípulo: Maharaj, essa explicação é maravilhosa!

Srila Guru Maharaj:Todos os preconceitos estão representados pela sociedade e até mesmo pelas escrituras (códigos morais) e isso inclui quase tudo (arya patham, svajanam). Todos eles situam-se de um lado. Ao desapontá-los, usarei o meu livre arbítrio para dedicar o meu coração em segredo a Krishna. "Meu Senhor, com Seu próprio agente, tire-me daqui. Leve-me embora!" Devemos ser corajosos e bastante valentes para desobedecer às obrigações, nos aproximarmos com nossa prece mais íntima e com nosso auto-interesse e nos dedicarmos como naivedyam (uma oferenda) aos pés de lótus de Krishna e de Seus devotos.

Discípulo: Penso que seria mais fácil para uma mulher desenvolver este humor...

Srila Guru Maharaj: Não, é exatamente o contrário. Será difícil para elas devido à semelhança, já que a coisa pervertida tentará ocupar a posição daquilo que é genuíno. É uma posição mais perigosa. Aparentemente, pode parecer que será fácil porque aqueles a quem falta o privilégio receberão mais graça. Mas devemos ser cuidadosos em nossa análise para não confundirmos a natureza feminina do mundo material com a feminilidade da região espiritual.

Discípulo: Maharaj, o que eu quero dizer é que, enquanto temos o falso orgulho de sermos homens, não podemos desenvolver esse humor. Assim, temos de abandonar essa tendência, esse sentimento de que somos o purusha (desfrutador)…

Srila Guru Maharaj: O que isso significa é que nós não somos os desfrutadores mas existimos para ser desfrutados. Esse é o conceito negativo básico. Não estamos destinados a manipular mas a ser manipulados. Esta é a atitude deliberada: de passivamente oferecer a nós mesmos. É a não-afirmação. Para pregar, ficamos ativos, no sentido de convertermos o equívoco na concepção apropriada, mas, quando nos voltamos para o lado de Krishna, isso se dá exclusivamente por uma questão de graça. É como o pássaro chataka que só bebe água da chuva: a nuvem pode atirar um raio ou chuva, mas ele não tem outro abrigo (virachaya mayi dandam dinabandho dayam va). Ao deixar de nos auto-afirmar e não reivindicarmos nada, estabelece-se uma demanda secreta. Na proporção em que ficamos dotados de uma atitude não-reivindicativa, a nossa reivindicação é estabelecida lá automaticamente. Dedicação significa que o grau de atitude não-reivindicativa estabelece uma reivindicação naquela terra maravilhosa.

Lá florescemos, e aqui morremos. A teoria de Hegel é de "Morrer para Viver!" (risos). Essa filosofia do sahib Hegel é muito boa: "A Realidade existe para Si" e "Morrer para viver!" Essas duas afirmativas me impressionaram muito —são conceitos abrangentes. Krishna é Todo-Consumidor: tudo existe para Ele. E "Morrer para Viver!" Se você deseja viver, você terá de morrer. Se deseja viver, aprenda a morrer, "Dissolva seu ego!" Morrer significa dissolver nosso ego. Então, uma a uma, as coberturas de nossa alma serão descartadas. Aquele raio mais refinado e valioso, a jóia interna, aparecerá em sua glória impecável.