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O Guru
Não é
um Boneco




Srila Bhakti Rakshak
Sridhar Dev-Goswami Maharaj

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yasya prasadad bhagavat prasado
yasya prasadan na gatih kuto 'pi
dhyayan stuvams tasya yasas tri sandhyam
vande guroh sri-charanaravindam
"Ofereço minhas reverências aos pés de lótus de Sri Gurudeva. Por sua graça, podemos alcançar a misericórdia de Krishna. Sem Sua graça, estamos perdidos. Portanto, devemos meditar constantemente em Sri Gurudeva e implorar por sua misericórdia."

Essa é a posição de Sri Guru, por cuja misericórdia podemos obter tudo, podemos alcançar o favor de Krishna. E, sem a sua graça, não temos esperança alguma. Dessa maneira, devemos oferecer nossas reverências a quem nos deu nosso primeiro vínculo com a consciência de Krishna. Mas, ao mesmo tempo em que oferecemos nossas reverências a Gurudeva, não devemos pensar que o Guru seja um boneco, uma figura sem vida. Ainda que estejamos familiarizados com uma forma determinada e a aceitemos como nosso Guru, não devemos nos deixar enganar por isso. O importante é o que ele diz, suas instruções. Isso é o que nos atrai, no âmago de nosso coração.

Não sou este corpo. Sou aquele que indaga. Devo tentar localizar no Guru aquilo que me satisfaz, aquilo que atrai o indagador àquele de quem se indaga. Não devo confiar em cálculos materiais. Não sou este corpo. Quem sou, como discípulo? Sou apenas este corpo, esta figura, esta cor, esta casta? Ou serei este temperamento, esta erudição, este intelectualismo? Não. Sou aquele que vem buscar. Quem é o ser em mim, e quem é o ser no Guru? Devemos estar bem atentos diante disto. O que é esse algo interno? Vim aqui para isso. Devemos estar despertos para o que nos interessa.

Existe o princípio relativo e o princípio absoluto. Temos que eliminar a forma, ignorá-la. Sempre devemos conservar o espírito. De outro modo, convertêmo-nos em adoradores de formas, em adoradores de ídolos.

O Guru: mais do que se pode ver

Afirma-se, evidentemente, que a conexão com o mestre espiritual é eterna (chaksudana dilo yei, janme janme prabhu sei). Não obstante, não devemos identificar nosso Guru com a aparência que percebemos através de nossos sentidos físicos. A maneira pela qual o identificamos internamente irá se aclarando de acordo com o desenvolvimento da visão. À medida em que nossa visão incrementar, transformando-se de material em transcendental, sua aparência irá mudando concorde.

Às vezes, conhece-se um homem mais pelo externo, por seu uniforme, depois pelo seu corpo, mais tarde por sua mente e logo por sua inteligência. À medida em que nossa visão se desenvolver para ver as coisas corretamente, também mudará o aspecto daquilo que vemos. Krishna diz: acharyam mam vijaniyan. "Em última instância, Eu sou o acharya." Essa é a função da Divindade, e poderá haver diferentes formas em distintos níveis. Diferentes acharyas podem trabalhar simultaneamente.

O conhecimento, o ideal, cresce do sutil para o grosseiro, e a profundidade da visão irá revelando as diferentes figuras dos diversos acharyas. Por meio de um processo gradual de realização, passará por diferentes rasas até chegar à posição mais elevada. Do contrário, nosso conhecimento se baseará na concepção material. E impor sobre a Divindade um conceito material é um crime, é ignorância e é errôneo.

Temos que nos livrar da armadilha de identificar a realidade com a forma física que se apresenta diante de nossos sentidos. Os olhos nos enganam, porque eles não nos podem dar a forma nem a cor exata. Os ouvidos não nos podem dar o som apropriado. A realidade concreta está além da experiência de nossos sentidos. Portanto, o que é isto? Devido a que nos encontrarmos em uma posição tão baixa, só com a ajuda de nosso Guru poderemos ir gradualmente ao mundo interior.

Entretanto, como poderemos reconhecer nosso Guru? Às vezes, durante o inverno, ele usa um tipo de veste e usa outro tipo durante o verão. Se damos muita importância à veste externa, que faremos nesse caso? Devemos pensar que a veste é indispensável para o corpo? O Guru pode vir a nós em um corpo determinado. Suponhamos que o Guru apareça como um jovem. Quando tiver envelhecido e a forma de jovem tiver se transformado em outra, como o reconheceremos? Como podemos diferenciá-lo? Em um nascimento, ele pode vir em um corpo particular, e, em outra oportunidade, pode aparecer em um corpo diferente. O mesmo Guru pode aparecer de distintas maneiras, em diferentes ocasiões. Como o reconheceremos? Devemos ir das considerações externas às considerações internas.

Se estou desprovido de carne e sangue e só existo em um corpo sutil, encontrarei meu Guru em um corpo sutil. Os semideuses, os gandharvas e os sidhas, os seres perfeitos dos planetas celestiais, também têm seus Gurus. No entanto, eles não têm um corpo material grosseiro, e tampouco o tem seu Guru.

Desse modo, teremos que passar ao aspecto interno, eliminando as concepções externas. E isso será de suma importância para um discípulo que queira avançar. Isto não quer dizer que se deva fazer caso omisso da forma física do nosso Guru, porém, a importância verdadeira está no interior. Devemos adorar os restos do Guru, seu abrigo, seus sapatos, suas sandálias; porém, isso não significa que seu calçado seja superior a seu corpo. Devemos servir sua pessoa. De maneira semelhante, se quisermos massagear seus pés, e ele não o desejar e disser "não, não, não", deveremos fazê-lo de qualquer modo? Nossa obediência interna a ele será mais forte. Dessa maneira, devemos passar do grosseiro ao sutil.

Quem é guru? Onde se pode encontrá-lo? Qual é seu ideal? O que, na verdade, ele deseja de mim? Não devemos cobrir nossos ouvidos a essas coisas. Nossa adesão não deve ser apenas formal. Queremos o caminho espiritual. O homem espiritual vai ao mundo espiritual para alcançar a realização espiritual. É tudo uma transação espiritual. E, se desejamos ir ao mundo da substância, devemos eliminar em nosso trajeto todas as concepções do mundano, sejam físicas, mentais ou intelectuais.

Progresso = Eliminação e Aceitação

Esta atitude decidirá nosso progresso real, o verdadeiro desígnio de nossa vida. Nossas satisfações provêm sempre da parte interna. Se uma pessoa puder pegar essa meada, poderá seguir adiante e obter os ganhos dessa qualidade espiritual mais elevada. Podemos apreciar a formosa figura, o estilo, o movimento, a capacidade intelectual do mestre espiritual, e muitas outras coisas mais; porém, qual deverá ser o ponto focal mais elevado de nossa realização? Qual deverá ser nossa meta mais elevada, pela qual haveremos de eliminar tudo mais?

Progresso quer dizer eliminação e aceitação. E nossa vida espiritual deve ser sempre algo dinâmico. De outro modo, estaríamos mortos. Progresso quer dizer aceitação e eliminação. Os cientistas também afirmam isso em sua teoria da seleção natural quando falam de "sobrevivência do mais capaz". A natureza seleciona alguns e elimina outros. A vida é dinâmica. Vivemos em um mundo dinâmico. Encontramos aceitação e eliminação por toda parte. Isso é progresso.
E nossa vida deve ser progressiva e não estática.

Para obter a graça de Nityananda Prabhu, devemos tentar estudar, até onde seja possível, o carater de Sri Gauranga Mahaprabhu e servir a Ele, a Seu dhama e a Seus devotos. Isso nos ajudará a obter facilmente a graça de Nityananda Prabhu. Sempre haverá muitas transações práticas em nossa etapa atual, porém, devemos sempre manter o ideal acima de nossas cabeças. Com este ideal, podemos progredir. Nosso ideal, nosso modelo mais elevado, deverá ser o mais importante em nossas vidas. A riqueza maior em nossas vidas é a de se familiarizar com o ideal mais elevado e seguir o caminho que nos conduzirá à realização dessa meta.

Srila Raghunatha Dasa Goswami ora: "Só aspiro a uma coisa. Cultivo a esperança de um dia ser bem vindo ao plano onde Radhika e Madhava estão sentados em Sua glória e Se divertindo." Essa deve ser nossa esperança. Isso podemos ver na oração de Raghunatha Dasa Goswami a seu Guru. Ele diz:

nama-srestham manum
  api sachi-putram atra svarupam
rupam tasyagrajam uru-purim
  mathurim gostavatim
radha-kundam giri-varam aho
  radhika-madhavasam
prapto yasya prathita-krpaya
  sri gurum tam nato 'smi
"Estou totalmente endividado com Sri Gurudeva. Por quê? Porque ele me tem dado tanto! Deu-me a concepção mais elevada do Santo Nome de Krishna, a forma sonora mais elevada que contém a mais excelsa forma de pensamento, de aspiração, de ideal... de tudo. E, logo, deu-me o mantra." O nome está ali, sem o nome, o mantra não é nada. Se for suprimido o nome de Krishna, substituindo-o por outro nome, o mantra dará um resultado oposto. O nome de Krishna é tudo. E, no mantra, o nome se expressa de uma maneira particular, como uma espécie de oração. "

Mais adiante, ele diz: "Ele me deu o serviço a este grande Salvador, o filho de Mãe Sachi, Sri Chaitanya Mahaprabhu, que se assemelha a uma montanha dourada, assinalando a direção do krishna-lila. E Gurudeva levou-me aos pés de lótus de Svarupa Damodara, o assistente pessoal favorito de Mahaprabhu, que é a representação de Lalita devi, a amiga favorita de Radhika. Além disso, ele me pôs em contato com Sri Rupa, a quem fora recomendado que distribuísse a concepção mais elevada de amor devocional, rasa."

Vaidhi-bhakti, a adoração do Senhor com sentimentos de temor e reverência, é de nível inferior. Todavia, raganuga-bhakti, amor espontâneo, o sentimento mais íntimo do coração, distribui-se através de Srila Rupa Goswami. Mahaprabhu considerava Sri Rupa o melhor para tratar de raganuga-bhakti.

Dasa Goswami diz: "Então, por sua graça, logrei a associação de Srila Sanatana Goswami, quem ajusta nossa posição em relação a raganuga-bhakti. Ele explica o caminho de vaidhi-bhakti e nos outorga sambandha-jñana: o conhecimento das coisas tais como são, uma relação apropriada com o meio ambiente." E continua, dizendo: "Gurudeva deu-me Mathura Mandala, onde Radha e Govinda executam Seus passatempos, onde os bosques, as colinas, cada trepadeira, cada arbusto e cada grãozinho de areia —tudo ostenta e faz alarde de sua relação com o lila de Radha-Krishna. E onde quer que pouse meu olhar, eles me ajudarão a recordar Radha e Govinda. Todos estes dons recebi de meu Gurudeva (...) Vrindavana, onde as vacas e os pastores erigiram sua aldeia (...). Estou me familiarizando com sua associação, com sua natureza e com seu sentimento de amor por Krishna.

"Pela misericórdia de meu Gurudeva relacionei-me com o Radha-Kunda, o lugar favorito onde Radha e Govinda executam Seus passatempos, e com a grande Colina de Govardhana. Finalmente, ele me deu a esperança de queum dia obterei o serviço a Sri Sri Radhika e Madhava. Meu Gurudeva deu-me todas essas garantias, e por isso inclino minha cabeça com todo o respeito a seus pés de lótus."

Portanto, se nos tornarmos conscientes de todas essas proposições espirituais, poderemos pensar que nos aproximamos de nosso Gurudeva de modo apropriado. O que é nosso Guru? Qual é a sua missão? Ela está repleta de todos esses bens. Desprovida disso, qual seria nosso interesse?