Essa
é a posição de Sri Guru, por cuja
misericórdia podemos obter tudo, podemos
alcançar o favor de Krishna. E, sem
a sua graça, não temos esperança alguma.
Dessa maneira, devemos oferecer nossas
reverências a quem nos deu nosso primeiro
vínculo com a consciência de Krishna.
Mas, ao mesmo tempo em que oferecemos
nossas reverências a Gurudeva, não
devemos pensar que o Guru seja um
boneco, uma figura sem vida. Ainda
que estejamos familiarizados com uma
forma determinada e a aceitemos como
nosso Guru, não devemos nos deixar
enganar por isso. O importante é o
que ele diz, suas instruções. Isso
é o que nos atrai, no âmago de nosso
coração.
Não
sou este corpo. Sou aquele que indaga.
Devo tentar localizar no Guru aquilo
que me satisfaz, aquilo que atrai
o indagador àquele de quem se indaga.
Não devo confiar em cálculos materiais.
Não sou este corpo. Quem sou, como
discípulo? Sou apenas este corpo,
esta figura, esta cor, esta casta?
Ou serei este temperamento, esta erudição,
este intelectualismo? Não. Sou aquele
que vem buscar. Quem é o ser em mim,
e quem é o ser no Guru? Devemos estar
bem atentos diante disto. O que é
esse algo interno? Vim aqui para isso.
Devemos estar despertos para o que
nos interessa.
Existe
o princípio relativo e o princípio
absoluto. Temos que eliminar a forma,
ignorá-la. Sempre devemos conservar
o espírito. De outro modo, convertêmo-nos
em adoradores de formas, em adoradores
de ídolos.
O
Guru: mais do que se pode ver
Afirma-se, evidentemente, que a conexão com o mestre espiritual
é eterna (chaksudana dilo yei,
janme janme prabhu sei). Não obstante,
não devemos identificar nosso Guru
com a aparência que percebemos através
de nossos sentidos físicos. A maneira
pela qual o identificamos internamente
irá se aclarando de acordo com o desenvolvimento
da visão. À medida em que nossa visão
incrementar, transformando-se de material
em transcendental, sua aparência irá
mudando concorde.
Às
vezes, conhece-se um homem mais pelo
externo, por seu uniforme, depois
pelo seu corpo, mais tarde por sua
mente e logo por sua inteligência.
À medida em que nossa visão se desenvolver
para ver as coisas corretamente, também
mudará o aspecto daquilo que vemos.
Krishna diz: acharyam mam vijaniyan.
"Em última instância, Eu sou o acharya."
Essa é a função da Divindade, e poderá
haver diferentes formas em distintos
níveis. Diferentes acharyas
podem trabalhar simultaneamente.
O
conhecimento, o ideal, cresce do sutil
para o grosseiro, e a profundidade
da visão irá revelando as diferentes
figuras dos diversos acharyas.
Por meio de um processo gradual de
realização, passará por diferentes
rasas até chegar à posição
mais elevada. Do contrário, nosso
conhecimento se baseará na concepção
material. E impor sobre a Divindade
um conceito material é um crime, é
ignorância e é errôneo.
Temos
que nos livrar da armadilha de identificar
a realidade com a forma física que
se apresenta diante de nossos sentidos.
Os olhos nos enganam, porque eles
não nos podem dar a forma nem a cor
exata. Os ouvidos não nos podem dar
o som apropriado. A realidade concreta
está além da experiência de nossos
sentidos. Portanto, o que é isto?
Devido a que nos encontrarmos em uma
posição tão baixa, só com a ajuda
de nosso Guru poderemos ir gradualmente
ao mundo interior.
Entretanto, como poderemos reconhecer nosso Guru? Às vezes, durante
o inverno, ele usa um tipo de veste
e usa outro tipo durante o verão.
Se damos muita importância à veste
externa, que faremos nesse caso? Devemos
pensar que a veste é indispensável
para o corpo? O Guru pode vir a nós
em um corpo determinado. Suponhamos
que o Guru apareça como um jovem.
Quando tiver envelhecido e a forma
de jovem tiver se transformado em
outra, como o reconheceremos? Como
podemos diferenciá-lo? Em um nascimento,
ele pode vir em um corpo particular,
e, em outra oportunidade, pode aparecer
em um corpo diferente. O mesmo Guru
pode aparecer de distintas maneiras,
em diferentes ocasiões. Como o reconheceremos?
Devemos ir das considerações externas
às considerações internas.
Se
estou desprovido de carne e sangue
e só existo em um corpo sutil, encontrarei
meu Guru em um corpo sutil. Os semideuses,
os gandharvas e os sidhas,
os seres perfeitos dos planetas celestiais,
também têm seus Gurus. No entanto,
eles não têm um corpo material grosseiro,
e tampouco o tem seu Guru.
Desse
modo, teremos que passar ao aspecto
interno, eliminando as concepções
externas. E isso será de suma importância
para um discípulo que queira avançar.
Isto não quer dizer que se deva fazer
caso omisso da forma física do nosso
Guru, porém, a importância verdadeira
está no interior. Devemos adorar os
restos do Guru, seu abrigo, seus sapatos,
suas sandálias; porém, isso não significa
que seu calçado seja superior a seu
corpo. Devemos servir sua pessoa.
De maneira semelhante, se quisermos
massagear seus pés, e ele não o desejar
e disser "não, não, não", deveremos
fazê-lo de qualquer modo? Nossa obediência
interna a ele será mais forte. Dessa
maneira, devemos passar do grosseiro
ao sutil.
Quem
é guru? Onde se pode encontrá-lo?
Qual é seu ideal? O que, na verdade,
ele deseja de mim? Não devemos cobrir
nossos ouvidos a essas coisas. Nossa
adesão não deve ser apenas formal.
Queremos o caminho espiritual. O homem
espiritual vai ao mundo espiritual
para alcançar a realização espiritual.
É tudo uma transação espiritual. E,
se desejamos ir ao mundo da substância,
devemos eliminar em nosso trajeto
todas as concepções do mundano, sejam
físicas, mentais ou intelectuais.
Progresso
= Eliminação e Aceitação
Esta
atitude decidirá nosso progresso real,
o verdadeiro desígnio de nossa vida.
Nossas satisfações provêm sempre da
parte interna. Se uma pessoa puder
pegar essa meada, poderá seguir adiante
e obter os ganhos dessa qualidade
espiritual mais elevada. Podemos apreciar
a formosa figura, o estilo, o movimento,
a capacidade intelectual do mestre
espiritual, e muitas outras coisas
mais; porém, qual deverá ser o ponto
focal mais elevado de nossa realização?
Qual deverá ser nossa meta mais elevada,
pela qual haveremos de eliminar tudo
mais?
Progresso quer dizer eliminação e aceitação. E nossa vida espiritual
deve ser sempre algo dinâmico. De
outro modo, estaríamos mortos. Progresso
quer dizer aceitação e eliminação.
Os cientistas também afirmam isso
em sua teoria da seleção natural quando
falam de "sobrevivência do mais capaz".
A natureza seleciona alguns e elimina
outros. A vida é dinâmica. Vivemos
em um mundo dinâmico. Encontramos
aceitação e eliminação por toda parte.
Isso é progresso.
E nossa vida deve ser progressiva
e não estática.
Para
obter a graça de Nityananda Prabhu,
devemos tentar estudar, até onde seja
possível, o carater de Sri Gauranga
Mahaprabhu e servir a Ele, a Seu dhama
e a Seus devotos. Isso nos ajudará
a obter facilmente a graça de Nityananda
Prabhu. Sempre haverá muitas transações
práticas em nossa etapa atual, porém,
devemos sempre manter o ideal acima
de nossas cabeças. Com este ideal,
podemos progredir. Nosso ideal, nosso
modelo mais elevado, deverá ser o
mais importante em nossas vidas. A
riqueza maior em nossas vidas é a
de se familiarizar com o ideal mais
elevado e seguir o caminho que nos
conduzirá à realização dessa meta.
Srila
Raghunatha Dasa Goswami ora: "Só aspiro
a uma coisa. Cultivo a esperança de
um dia ser bem vindo ao plano onde
Radhika e Madhava estão sentados em
Sua glória e Se divertindo." Essa
deve ser nossa esperança. Isso podemos
ver na oração de Raghunatha Dasa Goswami
a seu Guru. Ele diz:
nama-srestham manum
api sachi-putram atra svarupam
rupam tasyagrajam uru-purim
mathurim gostavatim
radha-kundam giri-varam aho
radhika-madhavasam
prapto yasya prathita-krpaya
sri gurum tam nato 'smi