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Baladeva Vidyabhusana


Srila Bhakti Sundar Govinda Dev-Goswami Maharaj

___________________

Ontem alguém perguntou: "Como podemos compreender que Baladeva Vidyabhusana esteja na linha de Visvanath Chakravarti e Rupa Goswami?" Eles são na realidade protetores de nossa sampradaya contra o ambiente ilusório criado pelo grupo dos pandits.Quando Baladeva Vidyabhusana começou a escrever o Govinda-bhasya, primeiramente ofereceu reverências a Krishna, e depois a Jiva Goswami. Ele considerou Jiva Goswami como sendo nosso Guru que dá proteção contra os pandits. Baladeva Vidyabhusana escreveu o seguinte pranam mantram:

yah samkya pankena kutarka pamsuna
vivartta-gartena ca lupta didhitim
suddham vyadhat vak sudhaya mahesvaram
krsnam sa jival prabhu rastta me gatih

Esse verso é muito complexo, e é difícil para mim explicá-lo em Inglês. Darei não a tradução literal mas o sentimento, o bhava. Ele diz: Ofereço meus plenos dandavats aos pés de lótus de Srila Jiva Goswami, protetor de nossa vida espiritual. Ele nos resgata do ambiente ilusório. Ele nos protege da filosofia sankhya que é comparada a areia movediça. Quando os jivas desejam atravessar o oceano de existência material, primeiro têm de atravessar um pantanal de areia movediça. Os infindáveis argumentos infrutíferos são comparados às cinzas, à fuligem e à fumaça sopradas pelo vento e que cobrem os olhos, o céu e tudo ao redor, não permitindo que vejamos realmente o que está à nossa frente. Tudo fica encoberto através do vento dos maus argumentos, e não podemos ver Krishna.

Depois ele menciona vivartta-gartena. Vivartta-vada é a filosofia de Shankaracharya de nirvisesa-vada que é comparada a um buraco na estrada. Desejamos ir para Krishna mas não podemos. Por quê? Porque existem muitas perturbações na estrada. A primeira perturbação vem da filosofia sankhya; comparada à lama. Não conseguimos atravessá-la e é um tipo de lama como areia movediça da qual não se pode despegar. A próxima perturbação é kutarka, que significa nyaya-sastra, o argumento, que é comparado a uma rajada de fuligem e fumaça.

Você tenta mesmo assim continuar a sua jornada mas aparecem subitamente grandes buracos escuros na estrada. Esses buracos são como o vivartta-vada de Shankaracharya. Ou seja, mayavada: vivartta-garttena cha lupta didhitim.

A filosofia mayavada está esperando por você na estrada como um buraco; se cair dentro dele, pode se perder para sempre. Você perde seu corpo nesse buraco, ninguém lhe dará água ou comida ou satisfação, lá não existe nada, e lá você morre.

Mas Baladeva Vidyabhusana diz: Suddham vyadhat vak sudhaya mahesvaram -"Jiva Goswami é o libertador desse ambiente e mostrou Sri Krishna em Sua posição exaltada" -jyotira bhyantare rupam atulam syamasundaram. "Ofereço tudo que possuo a ele." É muito difícil para mim explicar este verso em inglês, mas esse é um resumo da linha do pensamento.

Assim, Jiva Goswami é nosso protetor, e Baladeva Vidyabhusana é um pandit de igual nível. Ele foi iniciado na Madhva-sampradaya e, mais tarde, após ler a literatura de Jiva Goswami Prabhu e Visvanath Chakravarti Thakur, tornou-se devoto da Gaudiya-Vaishnava- sampradaya –que é a sampradaya de Mahaprabhu.

Tanto Radha-Govinda quanto Narayana são adorados no palácio do Rei de Jaipur. A tradição era de sempre adorar primeiro a Radha-Govinda e depois a Narayana. Mas havia uma outra sampradaya que contestava isso, e houve um grande conflito. Eles diziam: "Narayana deve ser adorado primeiro e depois Radha-Govinda". E desafiaram os Gaudiya-Vaishnavas: "Essa é uma Deidade dos Gaudiya-Vaishnavas, portanto tragam qualquer Gaudiya-Vaishnava qualificado de sua sampradaya. Vamos debater e certamente o derrotaremos!"

Todos os Vaishnavas foram até Visvanath Chakravarti que se encontrava em Vrindavana na ocasião. Ele estava muito velho e indisposto para ir se ocupar num debate. Ele pensou, "Os oponentes em Jaipur têm um argumento péssimo mas não sabem disso."
Mas quem iria?

Baladeva Vidyabhusana estava com Visvanath Chakravarti naquela época. Visvanath Chakravarti examinou-o para ver se era capaz de estabelecer nossa concepção da adoração a Radha-Govinda antes da adoração a Narayana. Visvanath Chakravarti ficou muito satisfeito e concluiu que ele era a melhor pessoa para estabelecer esse princípio Gaudiya-Vaishnava. Então, pediu a Baladeva Vidyabhusana que fosse a Jaipur.

Ele partiu sozinho rumo à assembléia do Rei de Jaipur, tomando antes suas bençãos. Seu corpo era muito magro e tinha toda a aparência de um Gaudiya-Vaishnava. Ele não era muito velho; na época, devia estar entre os trinta e quarenta anos. O rei devoto não ficou muito satisfeito ao ver o jovem, mas, ao ver sua face brilhante, pensou melhor, "Sim, os melhores representantes devem estar todos velhos e incapacitados de virem, mas enviaram esse jovem e brilhante devoto. Agora estamos ansiosos de ver o queele é capaz de fazer."

Baladeva Vidyabhusana então enfrentou o desafio da Ramanuja-sampradaya. Os pandits da Ramanuja fizeram a primeira pergunta: "Qual é o bhasya que o senhor segue?" A palavra bhasya quer dizer interpretação. Naquela época, uma sampradaya só era reconhecida se possuísse um bhasya do Vedanta, um bhasya do Upanisad, um bhasya do Visnu-sahasra-nama stotra e um bhasya do Gita. Esse critério de reconhecimento de uma sampradaya é mencionado em muitos lugares. Não existia tal bhasya na Gaudiya-sampradaya, por isso os pandits disseram: "Não falaremos com você porque não está seguindo nenhuma sampradaya." Baladeva Vidyabhusana respondeu: "Se há tanta necessidade de tal bhasya para que possamos conversar, dêem-me sete dias. Falarei com os senhores daqui a sete dias, e lhes informarei sobre qual bhasya estou seguindo."

Eles responderam: "Certo, tire sete ou dez dias". Ele dirigiu-se a Govindadeva, a Deidade de Srila Rupa Goswami, pediu as bênçãos dos Vaishnavas de nossa sampradaya, prostrou-se perante Govindadeva e pediu permissão para fazer o bhasya.

Passaram-se os sete dias, e ele encontrou-se novamente com os pandits oponentes, e apresentou-lhes: "Estou seguindo este Govinda-bhasya do Vedanta-darsan, que pertence à nossa sampradaya."

"Quem é o autor?"

"Eu mesmo."

Ele compôs seu próprio bhasya como fizeram Shankaracharya e Ramanujacharya. Os pandits ficaram surpresos olhando para seu rosto e disseram: "Ele compôs isto em sete dias somente. Ele é um grande pandit."

Baladeva Vidyabhusa derrotou-os facilmente ao mostrar claramente que Krishna é a Suprema Personalidade de Deus, e Narayana vem de Krishna, não que Krishna vem de Narayana. Ele estabeleceu esse princípio nesse encontro e provou que Radha-Krishna devem ser adorados juntos por todos, e que são a Suprema Personalidade. Os pandits ficaram muito felizes, e esse processo de adoração a Radha-Krishna seguido da adoração a Narayana é praticado desde aquele dia até hoje em Jaipur.

Quando escreveu o bhasya, ele primeiro ofereceu seus pranams a Krishna e depois a Jiva Goswami. Nele encontramos o seguinte sloka:

yah samkya pankena kutarka pamsuna
vivartta-gartena cha lupta didhitim
suddham vyadhat vak sudhaya mahesvaram
krsnam sa jival prabhu rastta me gatih

Quando Guru Maharaj explicava esse sloka, seu humor e expressão mudavam tanto que, vendo sua face, parecia como se ele fosse Jiva Goswami em pessoa. Era como se o próprio Jiva Goswami estivesse sentado diante de nós!

Essa é a história do Govinda-bhasya, e foi assim que Baladeva Vidyabhusana fez seus comentários. Baladeva Vidyabhusana é adorado pelos Gaudiya-Vaishnavas desde essa época, mesmo sendo apenas um jovem. Sua contribuição é nossa riqueza.