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Uma Questão de Sensibilidade

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Bhuvana Mohandas
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Era um daqueles restaurantes em que você se serve à vontade das preparações expostas em balcões aquecidos. Ela pegou de tudo um pouco. Ele, por ser vegetariano, escolheu cuidadosamente as preparações que não continham carne, peixe, aves nem ovos. Serviu-se de arroz, feijão, verduras cozidas, uma torta de queijo e um pouco de salada.

Nunca comera carne em sua vida, pois nasceu numa família vegetariana. Mesmo quando ainda era criancinha e via as carnes dos bois penduradas nos açougues e os peixes mortos nos balcões frigoríficos dos supermercados sentia repulsa por aquele tipo de comida. Perguntava a si mesmo como alguém podia comer aquilo: era feio e fedido, e pingava sangue como uma grande ferida aberta.

"Deus criou tantas coisas lindas, perfumadas, coloridas e saborosas para comer. Como pode alguém comer troços de corpos mortos?

Ela já sabia que ele era vegetariano e nunca comera carnes. Mas não entendia bem essa história de alguém ser vegeta-riano. Muito menos entendia o porquê de alguém não comer carne. Afinal, tudo no mundo é alimento.

— Por que você é vegetarino? Qual a diferença entre alguém comer uma picanha e comer uma alface –perguntou ela.

— É uma questão de sensibilidade —respondeu ele.

Essa resposta seria o suficiente para se entender a razão principal de alguém ser vegetariano. Leonardo Da Vinci, um dos mais famosos vegetarianos da história, chegou a afirmar que um dia os homens terão a sensibilidade de perceber o comer dos animais como uma forma de canibalismo.

— Ah, mas carne, verduras, tudo é vida, você também mata a alface para comê-la.

Ela continuava perplexa diante da opção vegetariana. Masa colocação do rapaz fora perfeita: sensibilidade, é uma questão de sensibilidade.

— Não é uma questão de matar o alface ou não, pois todas as criaturas se alimentam de vida. Mas é uma questão de sensibilidade. Você mesma que come carne não come certos tipos de carne, não é?

— É, tem umas carnes que eu não gosto.

— Os chineses, por exemplo comem ratos, miolo de macaco, olho de bode, e dizem até, baratas. Você comeria essas coisas?

— Nossa, não, isso é horrível, nojento!

— Pois você vê, é uma questão de sensibilidade sua que lhe permite perceber que essas coisas são "horríveis e nojentas". Pois para mim comer qualquer tipo de carne é horrível e nojento. Pôr em minha boca um pedaço de qualquer tipo de defunto pingando sangue é horrível e nojento, entende? É uma questão de sensibilidade.